{"id":5919,"date":"2021-09-10T15:29:20","date_gmt":"2021-09-10T18:29:20","guid":{"rendered":"https:\/\/archscape.com.br\/2024\/?p=5919"},"modified":"2022-01-26T14:01:15","modified_gmt":"2022-01-26T17:01:15","slug":"exodo-urbano-tendencia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/archscape.com.br\/2024\/exodo-urbano-tendencia\/","title":{"rendered":"\u00caxodo urbano motivado pela pandemia: uma tend\u00eancia que veio para ficar"},"content":{"rendered":"

A pandemia causada pelo Coronav\u00edrus provocou mudan\u00e7as significativas na maneira como vivemos e, tamb\u00e9m, como nos relacionamos com a cidade. Com o custo de vida mais elevado e a mobilidade<\/a> restrita, por que pagar mais caro para viver em uma cidade grande?<\/p>\n

Essa pergunta passou pela mente de muitas pessoas desde mar\u00e7o do ano passado e, para uma parte delas, a quest\u00e3o resultou no retorno \u00e0s cidades de origem ou a busca por uma vida mais tranquila no interior.<\/p>\n

O movimento de \u00eaxodo urbano, que \u00e9 quando as pessoas deixam de viver nas grandes cidades para uma vida no interior\u00a0ou em cidades menores, n\u00e3o \u00e9 algo novo na hist\u00f3ria da humanidade. Ap\u00f3s a gripe espanhola, a popula\u00e7\u00e3o de Nova York, por exemplo, diminuiu 66% no per\u00edodo entre 1920 e 1970.<\/p>\n

O fato \u00e9 que a pandemia despertou novos h\u00e1bitos e vem acelerando o \u00eaxodo urbano, al\u00e9m da busca por mais qualidade de vida –\u00a0que foi despertada na popula\u00e7\u00e3o –\u00a0com a vontade de mais espa\u00e7o, contato com a natureza e seguran\u00e7a.<\/p>\n

Neste artigo, conversamos com o arquiteto urbanista Gustavo Garrido para entender mais sobre esse fen\u00f4meno social\u00a0e se essa \u00e9 uma tend\u00eancia que veio para ficar. Confira!<\/p>\n

A pandemia tem influ\u00eancia no movimento de \u00eaxodo urbano?<\/strong><\/h2>\n

Entre as d\u00e9cadas de 1960 e 1980, o Brasil vivenciou de forma intensa o \u00eaxodo rural, quando as pessoas deixam o campo por uma vida nos grandes centros urbanos. Esse fen\u00f4meno contribuiu com cerca de 20% de todo o processo de urbaniza\u00e7\u00e3o do pa\u00eds, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu\u00e1ria).<\/p>\n

Mas os dados do \u00faltimo Censo Demogr\u00e1fico de 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE), registraram\u00a0uma queda de 49% na taxa de migra\u00e7\u00e3o campo-cidade. Hoje, 84,72% da popula\u00e7\u00e3o brasileira vive em \u00e1reas urbanas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic\u00edlios (PNAD) 2015. No sudeste, apenas 7% da popula\u00e7\u00e3o vive em \u00e1reas rurais.<\/p>\n

Essa tend\u00eancia demogr\u00e1fica de concentra\u00e7\u00e3o populacional em \u00e1reas urbanas pode estar mudando. De acordo com dados sobre moradia e habita\u00e7\u00e3o no Brasil coletados pela imobili\u00e1ria ZAP, a busca por im\u00f3veis a mais de 100 quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia da cidade de S\u00e3o Paulo aumentou cerca de 340% entre janeiro e maio de 2020. O mesmo aconteceu com outros centros urbanos ao redor do mundo. Londres, por exemplo, perdeu em m\u00e9dia 700 mil moradores<\/a> no mesmo per\u00edodo.<\/p>\n

Gustavo Garrido explica que, at\u00e9 a pandemia surgir, havia uma prefer\u00eancia em morar nos centros urbanos, mesmo com os grandes problemas de deslocamento. \u201cE quem buscou morar fora, se arrependeu, pois tinha que se deslocar de outra cidade, levando tempo igual ou maior. Morava fora ou quem tinha emprego fora da cidade, ou quem era aposentado<\/em>\u201d.<\/p>\n

Com o novo coronav\u00edrus e as medidas r\u00edgidas de lockdown decretadas em muitos pa\u00edses ao redor do mundo, a realidade das fam\u00edlias tamb\u00e9m mudou e a flexibiliza\u00e7\u00e3o das formas de trabalho abriu portas para novos lifestyles<\/em>.<\/p>\n

As medidas de isolamento fizeram com que as pessoas precisassem adaptar toda a sua rotina para dentro de casa. Com isso, muita gente come\u00e7ou a perceber que o espa\u00e7o de suas casas n\u00e3o era suficiente.<\/p>\n

Outro fator que pode ter pesado na decis\u00e3o de mudan\u00e7a, foi a alta assustadora dos valores dos im\u00f3veis que acompanhamos recentemente. Gustavo explica que isso ocorreu, basicamente, pela oferta de taxas menores de juros para o financiamento imobili\u00e1rio.<\/p>\n

\u201cPor mais que o valor isolado esteja maior, mais vale se a parcela cabe no bolso. E \u00e9 no final essa a an\u00e1lise que as fam\u00edlias fazem. Mas, \u00e9 claro, quando se compara um apartamento de 100m\u00b2\u00a0e uma casa de 500m\u00b2\u00a0pelo mesmo valor, a tenta\u00e7\u00e3o de se mudar para o interior \u00e9 realmente grande<\/em>\u201d.<\/p>\n

Para Gustavo, esse foi o principal fator que desequilibrou a mudan\u00e7a, mas muito ainda precisa ser desenvolvido para que essa op\u00e7\u00e3o seja mais f\u00e1cil de ser escolhida.<\/p>\n

\u201cA tend\u00eancia \u00e9 a descentraliza\u00e7\u00e3o tanto das formas de trabalho quanto das formas de lazer nas grandes metr\u00f3poles. Mas ainda \u00e9 necess\u00e1rio replanejar os espa\u00e7os urbanos e descentralizar servi\u00e7os essenciais que, hoje, localizam-se nos centros urbanos<\/em>\u201d.<\/p>\n

Um fen\u00f4meno que veio para ficar?<\/strong><\/h3>\n

O movimento de \u00eaxodo urbano j\u00e1 se insinuava com a revolu\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica, por\u00e9m, com a pandemia da COVID-19 o fen\u00f4meno pode acelerar. Com o avan\u00e7o tecnol\u00f3gico e, principalmente, pelo surgimento de novas formas de trabalho, como o home office, as regi\u00f5es perif\u00e9ricas se apresentam como uma possibilidade de recome\u00e7o tanto profissional quanto pessoal.<\/p>\n

Para evitar aglomera\u00e7\u00f5es, eventuais cont\u00e1gios e a busca por qualidade de vida, as grandes cidades podem experimentar o esvaziamento dos centros urbanos. Al\u00e9m disso, o \u00eaxodo urbano representa a sa\u00edda do caos das metr\u00f3poles e a busca por mais qualidade e vida, menor \u00edndice de viol\u00eancia urbana.<\/p>\n

A busca por cidades localizadas nos arredores urbanos se intensificou no Brasil com a amplitude do home office. O \u00edndice de pessoas em trabalho remoto passou de 3,8 milh\u00f5es para 8 milh\u00f5es ap\u00f3s a pandemia.<\/p>\n

Muitas pessoas est\u00e3o percebendo que n\u00e3o precisam estar conectadas em tempo integral \u00e0s cidades, podendo escolher onde estar e trabalhar.<\/p>\n

Se as formas de trabalho permanecerem flex\u00edveis no p\u00f3s-pandemia, poderemos experimentar novas oportunidades de gera\u00e7\u00e3o de emprego e renda.<\/p>\n

\u201cIsso pode fomentar novos comportamentos que j\u00e1 eram observados antes da pandemia: a necessidade de morar perto do trabalho, para evitar grandes deslocamentos e engarrafamentos, e a migra\u00e7\u00e3o para \u00e1reas afastadas dos centros urbanos, em busca de mais qualidade de vida no interior<\/em>\u201d.<\/p>\n

O debate sobre bairros mais autossuficientes e a valoriza\u00e7\u00e3o do com\u00e9rcio local foram protagonistas nos primeiros meses de isolamento social. Com o replanejamento dos fluxos urbanos e o uso do transporte p\u00fablico, \u00e9 poss\u00edvel evitar grandes deslocamentos e aglomera\u00e7\u00f5es de pessoas. Alguns h\u00e1bitos que devem permanecer mesmo com o fim do isolamento social.<\/p>\n

\u201cEu acredito muito que vai haver mais condi\u00e7\u00e3o de equil\u00edbrio entre cidade e interior. Que a cidade vai continuar se valorizando, n\u00e3o h\u00e1 d\u00favidas, mas o interior vai cada vez mais oferecer melhor infraestrutura de servi\u00e7os para as fam\u00edlias<\/em>\u201d, complementa Gustavo.<\/p>\n

As operadoras de internet, por exemplo, est\u00e3o atualmente com uma demanda enorme que n\u00e3o conseguem atender no mesmo ritmo. E, al\u00e9m disso, o advento de novas tecnologias tamb\u00e9m vai contribuir para esse equil\u00edbrio, como os carros aut\u00f4nomos de entregas.<\/p>\n

\u201cA Amazon, por exemplo, j\u00e1 possui servi\u00e7o ativo em algumas cidades e redes de restaurantes nacionais j\u00e1 se mobilizam para isso. Ou seja, no final das contas, poderemos ter mais op\u00e7\u00f5es de moradia segundo o estilo de vida de cada um, mas com maiores condi\u00e7\u00f5es de ter uma vida mais sustent\u00e1vel e com qualidade urbana<\/em>\u201d, afirma.<\/p>\n

Busca por paz e tranquilidade no interior<\/strong><\/h3>\n

Com essa maior liberdade de escolha na hora de decidir onde trabalhar, seja em sua casa ou em uma resid\u00eancia alugada, ou casa de f\u00e9rias, nossas possibilidades t\u00eam surgido. N\u00f3s listamos a seguir uma s\u00e9rie de projetos de abrigos modernos pensados para a vida rural, que representam a busca por afastamento das metr\u00f3poles. Veja:<\/p>\n

Big Cabin| Little Cabin<\/p>\n

Este conjunto de cabines, projetado por Ren\u00e9e del Gaudio, fica situado no alto de um penhasco rochoso a 3 mil metros de altitude, com vistas panor\u00e2micas sobre as montanhas no Colorado. Uma floresta de pinheiros cerca a propriedade, dando uma sensa\u00e7\u00e3o de privacidade\u00a0 e prote\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Bear Run Cabin<\/strong><\/p>\n

Esta casa modesta e sustent\u00e1vel, assinada por David Coleman Achitecture, foi constru\u00edda de forma a ter uma presen\u00e7a marcante na paisagem. Rodeada por picos de montanhas dram\u00e1ticos, o terreno tem um declive para leste e vista para um grande bosque.<\/p>\n

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Rolling Huts<\/strong><\/p>\n

Esse projeto, de Olson Kundig, \u00e9 uma resposta \u00e0 necessidade do propriet\u00e1rio ter mais espa\u00e7o para abrigar amigos e familiares visitantes. O conjunto de cabanas pode ser classificado como uma evolu\u00e7\u00e3o do acampamento tradicional.<\/p>\n

Os m\u00f3dulos foram suavemente posicionados e suspensos do solo, uma plan\u00edcie de inunda\u00e7\u00e3o, enquanto permanecem sendo um projeto de baixo impacto e com uma tecnologia simples.<\/p>\n

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Encuentro Guadalupe<\/strong><\/p>\n

Localizado na regi\u00e3o vin\u00edcola do M\u00e9xico, este conjunto assinado por Graciastudio, conta com vinte abrigos independentes e \u00e9 operado pelo Grupo Habita. Est\u00e3o localizados em uma paisagem de 99 hectares, parte do empreendimento Encuentro Guadalupe, que inclui uma vin\u00edcola e uma \u00e1rea residencial.<\/p>\n

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Cabana na Montanha<\/strong><\/p>\n

Situado no Piz Lunghin, tamb\u00e9m conhecido como \u201cO Telhado da Europa\u201d, o projeto de Thilo Alex Brunner fica em uma localiza\u00e7\u00e3o remota id\u00edlica, ao lado e um lago alpino. O local \u00e9 acess\u00edvel apenas a p\u00e9, e fica a quase 8200 p\u00e9s de altitude.<\/p>\n

No interior, a cabana simples \u00e9 quase totalmente revestida com madeira compensada, utilizada tamb\u00e9m para criar as paredes e pisos.<\/p>\n

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A45<\/strong><\/p>\n

Idealizado pela Bjarke Ingels Group, A45 \u00e9 o primeiro prot\u00f3tipo constru\u00eddo no interior de Nova York e ser\u00e1 personaliz\u00e1vel interna e externamente para futuros propriet\u00e1rios comparem, adaptarem e terem a pequena casa constru\u00edda dentro de 4 a 6 meses em qualquer local, para qualquer finalidade.<\/p>\n

O projeto evoluiu da tradicional cabine tipo A, conhecida por seu teto e paredes inclinadas, que permitem f\u00e1cil escoamento da chuva.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Voc\u00ea gostou do assunto? Ficou com alguma d\u00favida? Deixe seu coment\u00e1rio que a equipe ARCHSCAPE tem o prazer em responder!<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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