{"id":9330,"date":"2023-11-21T12:02:44","date_gmt":"2023-11-21T15:02:44","guid":{"rendered":"https:\/\/archscape.com.br\/2024\/?p=9330"},"modified":"2023-11-21T12:02:44","modified_gmt":"2023-11-21T15:02:44","slug":"mudancas-climaticas-arquitetura-paisagismo-efeito","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/archscape.com.br\/2024\/mudancas-climaticas-arquitetura-paisagismo-efeito\/","title":{"rendered":"Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas: Como arquitetura e paisagismo podem amenizar seus efeitos?"},"content":{"rendered":"

Tem sido not\u00f3rio que as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas no planeta est\u00e3o cada vez mais extremas: temperaturas batendo recordes, enchentes, secas, ciclones onde n\u00e3o havia; enfim, os sinais s\u00e3o muito claros.<\/p>\n

Por mais que alguns neguem, esses eventos s\u00e3o consequ\u00eancia direta da a\u00e7\u00e3o predat\u00f3ria do ser humano no meio ambiente. E as cidades s\u00e3o o principal palco desse drama vivido na pele atualmente pelas pessoas.<\/p>\n

Tudo em seu tempo<\/h2>\n

Sempre que analisamos essas quest\u00f5es, \u00e9 importante contextualizarmos os fatos em seus devidos tempos. Na cidade de S\u00e3o Paulo, por exemplo, temos o problema recorrente das enchentes, causadas pela urbaniza\u00e7\u00e3o predat\u00f3ria das v\u00e1rzeas dos rios.<\/p>\n

Contudo, devemos lembrar que essa ocupa\u00e7\u00e3o ocorreu como forma de conter as epidemias, principalmente de doen\u00e7as transmitidas por mosquitos, que se reproduzem nas \u00e1guas paradas das v\u00e1rzeas, sendo a iniciativa mais importante o Plano de Avenidas de Prestes Maia, da d\u00e9cada de 1930.<\/p>\n

Apenas mais recentemente, com as poderosas ferramentas de an\u00e1lise que dispomos, compreendemos com clareza que a polui\u00e7\u00e3o dos rios, causada pelo crescimento exponencial da popula\u00e7\u00e3o, foi o vil\u00e3o oculto desencadeador das epidemias passadas.<\/p>\n

Sem dados e ferramentas adequadas era muito dif\u00edcil entender esses fatos e transforma\u00e7\u00f5es estando imerso nos acontecimentos.<\/p>\n

O que hoje se pode fazer para mitigar os efeitos das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas no \u00e2mbito das cidades?<\/h2>\n

As cidades que resultaram desse processo hist\u00f3rico se tornaram densamente constru\u00eddas e impermeabilizadas. Elas, al\u00e9m de representar perigosas ilhas de calor, s\u00e3o verdadeiras potencializadoras de enchentes, na medida em que seguem canalizando ou enterrando seus c\u00f3rregos e rios. A cada ver\u00e3o, quando o regime de chuvas \u00e9 mais intenso, as \u00e1guas, al\u00e9m de buscar recuperar seu antigo espa\u00e7o, n\u00e3o penetram no solo.<\/p>\n

Os dados que possu\u00edmos hoje nos mostram que pol\u00edticas de arboriza\u00e7\u00e3o urbana s\u00e3o essenciais, mas insuficientes para contornar a situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Na d\u00e9cada de 1990, o professor de Harvard, Arquiteto Paisagista e decano da prestigiada Universidade de Pequim, Yu Kungjian idealizou o conceito de \u201ccidades esponjas\u201d, que estabelece que conviver com a \u00e1gua \u00e9 melhor do que combat\u00ea-la.<\/p>\n

A tese se baseia em tr\u00eas estrat\u00e9gias: uso intensivo de lagoas, para conter a \u00e1gua na origem; rios naturalizados, com margens vegetadas, para conter a velocidade da \u00e1gua e fomentar o lazer e a vida ao ar livre, e \u00e1reas de des\u00e1gue desocupadas (lagos, rios ou foz junto ao mar), e sem constru\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Atualmente, existem centenas de iniciativas dessas constru\u00eddas e em constru\u00e7\u00e3o, em sua maioria na China. A quest\u00e3o que permanece \u00e9 a viabilidade do conceito em \u00e1reas j\u00e1 densamente ocupadas, tendo em vista os custos da reorganiza\u00e7\u00e3o dos espa\u00e7os urbanos e potenciais desapropria\u00e7\u00f5es. Ser\u00e1 um assunto que se colocar\u00e1 inevitavelmente perante n\u00f3s.<\/p>\n

E quanto \u00e0s constru\u00e7\u00f5es?<\/h2>\n

No Brasil, ainda nos dias de hoje, persistem m\u00e9todos de constru\u00e7\u00e3o arcaicos, ineficientes e pesadamente danosos ao meio ambiente. Dos pr\u00e9dios de moradia popular aos edif\u00edcios mais sofisticados, pouca coisa muda essencialmente: bloco sobre bloco, formas de madeira para estrutura (que s\u00e3o descartadas ap\u00f3s o uso) al\u00e9m da inexist\u00eancia de preocupa\u00e7\u00f5es quanto ao desempenho t\u00e9rmico do edif\u00edcio.<\/p>\n

Para suportar melhor as altas temperaturas, existem h\u00e1 d\u00e9cadas as fachadas duplas (ou ventiladas) que amenizam o ganho de calor para o interior dos apartamentos e representam uma grande economia de energia para os futuros propriet\u00e1rios. S\u00f3 n\u00e3o s\u00e3o utilizadas em edifica\u00e7\u00f5es residenciais devido ao seu alto custo de execu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Tecnologias baseadas no reaproveitamento de madeira, como a Madeira Lamelada Colada (MLC), t\u00eam aparecido com for\u00e7a nas edifica\u00e7\u00f5es, mas ainda tamb\u00e9m com custo mais elevado.<\/p>\n

T\u00e9cnicas tradicionais baseadas no uso da terra como elemento de constru\u00e7\u00e3o v\u00eam igualmente ganhando espa\u00e7o, principalmente em resid\u00eancias, e dependem de ser adaptadas para uso em maior escala.<\/p>\n

Essas duas \u00faltimas t\u00e9cnicas, em especial, apresentam inclusive baix\u00edssima pegada de carbono, acarretando menor impacto ambiental durante a constru\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A lacuna sobre o tema vem sendo preenchida por diversos grupos de pesquisa nas principais universidades do pa\u00eds, com destaque para aqueles conduzidos pelo LABAUT<\/a> da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

Um projeto consciente<\/a> faz toda a diferen\u00e7a<\/h2>\n

Seja no pr\u00e9dio ou na cidade, na arquitetura, no paisagismo ou no urbanismo, o tema das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas deve obrigatoriamente ser incorporado desde o in\u00edcio dos projetos, como fio condutor das a\u00e7\u00f5es e estrat\u00e9gias a serem utilizadas.<\/p>\n

Estrat\u00e9gias b\u00e1sicas de orienta\u00e7\u00e3o solar, ventila\u00e7\u00e3o cruzada e uso de materiais mais adequados sempre fizeram a diferen\u00e7a. Arquitetos, empreendedores, consumidores e autoridades conscientes certamente far\u00e3o a diferen\u00e7a para as futuras gera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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