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Arte e arquitetura andam juntas – uma sempre influenciando a outra – e com a arquitetura moderna não foi diferente. Ela nasceu do movimento modernista e traz elementos simples que se transformam em criações surpreendentes.

O movimento modernista foi o reflexo da efervescência cultural da época. Surgiu como uma tendência artística no século XX, apresentando um olhar mais crítico em um período de transformações tecnológicas, onde as desigualdades sociais se evidenciavam.

O modernismo na arquitetura privilegia o simples e a função social das obras. As construções modernistas rejeitam as arquiteturas com elementos decorativos e ornamentais e empregam formas geométricas e linhas simples. Na arquitetura modernista “menos é mais” e a “forma segue a função”.

No artigo de hoje vamos falar um pouco sobre o modernismo na arquitetura, sua história e quais são suas principais características. Vamos mostrar também como o conceito pode ser aplicado perfeitamente no projeto da sua casa de campo. Vamos lá?

O que é a arquitetura moderna? 

A Arquitetura Moderna surgiu a partir do movimento Modernista, que ditou as principais transformações da arte e cultura na Europa no século XX, simplificando o desenho da arquitetura na sua forma, estrutura e função e explorando as capacidades plásticas das novas tecnologias de construção, em especial o concreto armado.

Desde o seu surgimento, os preceitos da Arquitetura Moderna tem predominado até hoje. Os impactos que ela teve sobre as edificações e no desenvolvimento urbano como um todo foi tão significativo, que a palavra “moderna” ainda é utilizada para definir tudo o que é atual, relevante e contemporâneo.

As suas características se destacam pela mistura dos ideais da Idade Moderna aliados a um novo meio de produção vindo da Revolução Industrial. Dessa forma, o evidenciam novas maneiras de idealizar, planejar, criar e desenvolver os mais diversos tipos de edificações.

Um dos que melhor resumiu o conceito foi o arquiteto alemão Mies van der Rohe, que cunhou a célebre frase: “menos é mais”. A Arquitetura Moderna privilegia o que é simples, básico e funcional sem ser simplória. Sendo assim, o Modernismo surgiu claramente como um contraponto ao peso e aos excessos da arquitetura tradicional.

No contexto histórico, as inovações apresentadas na Arquitetura Modernista foram permitidas pela Revolução Industrial, que viabilizou um aumento significativo na qualidade dos materiais de construção. Transformando, também, as maneiras com que os ambientes eram utilizados, trazendo funcionalidade e integração como cerne do estilo.

A arquitetura modernista no Brasil 

Por aqui, a Arquitetura Moderna surgiu nos anos 30, influenciada pela Semana de Arte Moderna de 22 que trouxe mostras de Le Corbusier, “o purista”.

Le Corbusier é um arquiteto que inspirou em todo mundo a Arquitetura Moderna. Seus cinco pilares, até hoje, são levados em consideração por muitos profissionais. Quer saber quais são? Confira:

  • Fachadas sem divisórias e abertas a público, deixando o espaço mais democrático;
  • Ambientes integrados que interagem entre si;
  • Terraço-jardim;
  • Iluminação ampla com janelas que cobrem toda ou parcialmente a fachada;
  • Pilotis que substituem paredes estruturais, deixando o espaço mais amplo para circulação.

No Brasil, os padrões e tendências europeus foram adaptados à realidade do país, tanto na maneira de compor os ambientes, quanto no uso dos materiais disponíveis. A construção de Brasília foi, sem dúvida alguma, a concretização inicial que colocou a arquitetura brasileira no mapa do Modernismo mundial, evidenciando os nomes de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. A sua expansão como linguagem contudo, se deu com a conclusão de um de seus exemlpares mais icônicos: o MASP.

Com assinatura da arquiteta Lina Bo Bardi, o Museu de Arte de São Paulo imprime perfeitamente como a arquitetura moderna conquistou uma característica bem brasileira. O vão livre imenso, em um dos principais endereços da Capital, é até hoje um cartão postal.

As obras inovadoras dos arquitetos modernistas brasileiros serviram (e ainda servem!) de inspiração para o mundo. Conheça alguns dos principais nomes da arquitetura moderna brasileira a seguir!

Lúcio Costa

Considerado o pioneiro na Arquitetura Moderna Brasileira, Lúcio Costa nasceu na França. Filho de um almirante brasileiro da Marinha do Brasil que viajava muito, mudou-se para o Brasil em 19717. O arquiteto era diretor da Escola Nacional de Belas Artes quando conheceu o aluno Oscar Niemeyer para ensinar-lhe sobre o movimento modernista (que na época não era muito bem aceito pela comunidade acadêmica).

Além de escrever diversos livros, Lúcio Costa tem um legado de projetos, entre eles, o plano Piloto de Brasília e o Plano de Urbanização do Parque Guinle, no Rio de Janeiro.

Vilanova Artigas

João Vilanova Artigas também é um dos pioneiros da Arquitetura Moderna no Brasil e deixou grandes contribuições com sua atuação como arquiteto, político, intelectual, professor… ele participou de um movimento conhecido como Escola Paulista, com projetos de edificações memoráveis que entraram para a história.

Em seus 50 anos de profissão, executou cerca de 700 obras, algumas delas como a Sede da FAU – USP e o Estádio do Morumbi.

Oscar Niemeyer

O arquiteto Oscar Niemeyer não é somente um dos maiores nomes da Arquitetura Moderna Brasileira, é também, uma das principais referências mundiais do conceito. Ele acreditava que a arquitetura é movida ao novo, e que projetos que simplesmente copiassem ideias já executadas se tornavam irrelevantes.

A construção de Brasília, na década de 50, é o que mais reflete a relevância de suas ideias. A primeira cidade totalmente planejada com base na arquitetura modernista conta com o trabalho de Niemeyer, que assina os edifícios, em parceria com Lucio Costa, autor do desenho da cidade e tornou-se não apenas referência nacional, mas também um marco arquitetônico de toda a história modernista mundial.

Niemeyer deixou um legado com mais de 600 obras modernas. Uma de suas marcas registradas eram prédios feitos em concreto com janelas amplas (um dos pilares modernistas de Le Corbusier). Além do trabalho feito em Brasília, construções como o Copan e o sambódromo do Anhembi são algumas de suas obras icônicas.

Lina Bo Bardi

Nascida em Roma, Lina Bo Bardi veio para o Brasil refugiada, após o seu estúdio ser bombardeado em Milão, durante a Segunda Guerra Mundial. Com estilo simples, destacou-se como grande pensadora e por unir o moderno ao popular.

Lina Bo Bardi foi uma mulher bem à frente do seu tempo. Uma das arquitetas mais icônicas do século XX, ficou conhecia por projetar o MASP e a famosa Casa de Vidro. Seu legado extrapola o campo da arquitetura, pois ela também contribuiu para a cenografia, artes plásticas, desenho de mobiliário e design gráfico.

Apaixonada pelo Brasil, preocupava-se com o cenário político e com a influência da arquitetura no convívio e cotidiano das pessoas. Assim, suas obras retratam a crença da artista de que projetos não eram apenas construções, mas também poesia e serviço coletivo.

Paulo Mendes da Rocha

Arquiteto modernista que ostenta diversas premiações durante a sua carreira, como o Leão de Ouro na Bienal de Veneza, Prêmio Imperial de Artes do Japão, Medalha de Ouro do RIBA e o Pritzker em 2006.

Paulo Mendes da Rocha criou obras que são verdadeiras intervenções modernistas, com projetos famosos especialmente em São Paulo, como o Sesc 24 de Maioio e o MUBE – Museu Brasileiro da Escultura. Destacando sempre em seus projetos espaços democráticos, que geram impacto visual assim que vistos, o arquiteto é referência para profissionais em todo o mundo.

Tendências da arquitetura moderna aplicadas no seu projeto 

Casa Farnsworth, Mies van der Rohe

Casa Farnsworth, Mies van der Rohe

A Arquitetura Moderna veio para quebrar o conceito de ambientes carregados de objetos de decoração, com excesso de cor ou textura. Ela traz uma proposta de projetos com formas geométricas simplificadas, sem muitos ornamentos, inserindo o uso do concreto nos espaços.

Os projetos com os conceitos da arquitetura moderna apresentam casas mais iluminadas, ventiladas e com maior interatividade com o ambiente externo. Os adornos excessivos são abandonados e dão lugar para traços e estruturas funcionais, práticas e necessárias. Em resumo: se não for agregar ao projeto, não precisa estar ali.

Listamos para você alguns destaques do que é tendência para o projeto da sua casa de campo, seguindo os preceitos da arquitetura moderna, bem como alguns belos exemplares para você se inspirar. Confira!

Conforto no ambiente

É o conceito de ter acesso a algo que ofereça comodidade e conforto, mas sem prejudicar o meio ambiente, se tornando sustentável. Nesta proposta, a ideia é utilizar a tecnologia para administrar os elementos de forma integrada, como condições térmicas, de iluminação e gasto de energia.

Para se inspirar: Casa da Cascata, Frank Lloyd Wright

Clássico das casas mais famosas e icônicas do mundo, a Casa da Cascata é perfeita em todos os detalhes. Uma obra do mais alto grau de qualidade arquitetônica, Frank Lloyd Wright encontrou os meios certos de sincronizar seu trabalho como ambiente natural de Mill Run, na Pensilvânia.

A base da casa são as rochas do lugar, o núcleo central da casa é a chaminé da lareira, considerado um lugar especial para a reunião das pessoas. A partir desse ponto, seguem todos os grandes planos, alguns em balanço, como verdadeiras esculturas.

Wright quis integrar o incrível curso d’água existente na propriedade – a cascata – à obra. Sua ideia era fazer com que os futuros moradores pudessem sempre sentir a força do elemento, não visualmente, mas através do som.

Cores

Atualmente, algumas cores têm sido preferidas para aplicação na fachada das casas e detalhes da decoração. O verde, vermelho, assim como tons terrosos, estão em alta e podem ser notados nos projetos mais recentes.

Para se inspirar: Casa Gilardi, Luis Barragán

De todas as casas mais famosas e icônicas do mundo, a casa Gilardi é, talvez, a que fornece a maior experiência cromática aos observadores. Trata-se da última residência projetada pelo arquiteto Luis Barragá, construída no ano de 1975, na Cidade do México.

Quando propuseram o projeto da Casa Gilardi ao arquiteto ele recusou. Mas, ao visitar o local da obra, viu uma bela árvore de jacarandá e reconsiderou.

Gilardi pediu para que não cortassem a árvore, pois ela seria a base para toda a sua criação. E, dessa forma, nasceu uma de suas obras mais impressionantes: uma casa repleta de espaços fluídos, coloridos e modernos.

Uso de concreto

Uma característica muito marcante é o uso de concreto aparente em paredes e pisos. A ideia é deixar o ambiente com referência ao estilo urbano. A construção a seco também pode ser uma excelente opção para conseguir este resultado.

Utilizado sem revestimento, o concreto aparente se integra na natureza, com seu aspecto e cor de rocha. Em conjunto com um paisagismo bem pensado e com uma decoração adequada, essa combinação cria ambientes harmoniosos, amplos e agradáveis.

Para se inspirar: Casa Butantã, Paulo Mendes da Rocha

Muito do que Paulo Mendes da Rocha aplica em seus projetos está na Casa Butantã, construída entre 1964 e 1967, em São Paulo. Nela, o arquiteto incorporou (quase) todos os princípios que fundamentavam o ideário moderno e transformou-a em um verdadeiro laboratório, onde a franqueza no emprego do concreto armado, deixado sem revestimento, expressa seus atributos.

Na Butantã o arquiteto foi além: utilizou o concreto não apenas como estrutura, mas na totalidade da construção das vedações externas ao mobiliário e seu “brutalismo” se manteve intacto.

Uso de aço

Entre as motivações para o uso desse material nas obras está o tempo reduzido para execução do projeto, a liberdade arquitetônica e flexibilidade. Cada vez mais profissionais têm aderido à versatilidade do material, que permite maior leveza e agilidade em projetos residenciais, seguindo uma tendência já consolidada em outros países.

Para se inspirar: Casa Kaufmann, Richard Neutra

Localizada no deserto de Palm Springs, Estados Unidos, e completamente revestida de vidro. A Casa Kaufmann foi o pedido de um cliente para uma casa de inverno e acabou se tornando um dos melhores trabalhos de Richard Neutra, se não o mais reconhecido.

Adaptada ao terreno rochoso, quase como se levitasse harmoniosamente no lugar, a casa de vidro recebe todo o sol dessa época do ano. A paisagem agreste e forte contrasta com a simplicidade do design, onde as coberturas (elementos horizontais) foram todo o “peso” visível desde longe.

Iluminação natural

A iluminação deve ser um dos principais pontos a ser considerado no projeto. A escolha de janelas amplas, que valorizam a entrada de luz natural durante o dia, destacam os elementos da edificação, além de contribuir na redução de gastos com energia e também na integração dos ambientes.

Para se inspirar: Casa Farnsworth, Mies van der Rohe

Projetada por Mies van der Rohe em 1945 e construída em 1951, a casa Farnsworth é uma parte vital da iconografia norte americana, uma obra prima da representação do modernismo e do desejo de em mesclar o suave e direto estilo da arquitetura moderna com as formas orgânicas do entorno em que o projeto está inserido.

Mies construiu essa residência em forma de caixa de vidro como um retiro de férias para o Dr. Edith Farnsworth, no condado de Plano, Illinois. Foi uma residência privada por cerca de 50 anos, até sua aquisição em 2003 pelo fundo de conservação de patrimônio histórico, que a transformou em um museu aberto à visitação.

E então, gostou de conhecer um pouco mais sobre Arquitetura Moderna? Se tiver alguma dúvida ou interesse em planejar uma casa de campo aplicando os preceitos do modernismo, a equipe ARCHSCAPE conta com profissionais alinhados ao que há de mais moderno. Conte com a gente!

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