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Projetar uma piscina em uma casa de campo é uma das atribuições de um paisagista. Muitas dúvidas surgem em seguida: como projetar, qual técnica construtiva utilizar, quais materiais, qual sistema de filtragem, qual sistema de aquecimento e quanto custa construir? Nesse texto falarei um pouco sobre cada um desses temas, não necessariamente com respostas simples, pois o assunto é extenso e com muitas variáveis e no final das contas o que vale é a expectativa ser atendida.

Mas afinal de contas, qual a finalidade da piscina?

Esta é primeira pergunta a se fazer. Praticar natação, relaxar com jatos de hidromassagem, contemplar a paisagem ou simplesmente se refrescar, cada uma dessas finalidades demanda uma solução específica de projeto.

Imprescindível neste momento verificar a disponibilidade de terreno. Uma piscina de raia por exemplo necessita de pelo menos 30 m de extensão disponível no terreno.

Uma atenção especial deve ser dedicada à topografia e características geológicas do terreno, a fundação e o movimento de terra necessário pode elevar muito os custos de implantação.

Para essas questões a expertise de um arquiteto paisagista é primordial nas decisões ainda na fase de projeto, levando também em consideração as vistas mais agradáveis, orientação solar, a implantação no terreno e a composição com a vegetação e elementos naturais.

No projeto, estudamos o formato não só para atender a função mas também pensando nesse diálogo com os elementos circundantes : um desnível existente pode abrigar uma queda d’água, uma depressão, uma borda infinita.

Existe uma técnica mais adequada na construção de piscinas?

Não existe, pois depende de vários fatores, mas sobretudo por conta da forma pretendida e da acessibilidade do terreno.

Piscinas moldadas no local, feitas de concreto ou de alvenaria, são totalmente versáteis, tanto na forma quanto no acabamento, apesar de serem potencialmente mais caras.

As de fibra de vidro, apesar de mais baratas, são muitas vezes impraticáveis em terrenos de acesso difícil, além de limitarem em muito a criatividade.

Existem também as piscinas de vinil, que consistem e tanques de alvenaria revestidas com manta vinílica, que possuem estampas se padrões ilimitados e podendo ser consideradas portanto uma variação do primeiro tipo.

Apesar da facilidade na instalação, não necessitando de azulejista, é muito comum aparecerem bolhas devido à variações de temperatura, irregularidades na base ou mesmo problemas de instalação.
O uso excessivo de cloro também pode trazer problemas desbotando a estampa do vinil. Evitar estampas que imitam outros materiais é uma boa dica.

E os materiais recomendados para as áreas de piscinas?

As famosas “pedras de piscina”  continuam sempre em alta, pedras como a São Tomé, Goiás, Granitos e Arenitos, em formatos irregulares trazem um ar despojado e sofisticado para a área do solário, podendo ser empregadas também no tanque.

Há também as peças industrializadas, as placas cimentíceas, com características diversas:

formadas por agregados,

de massa única,

os atérmicos, são ideais para quem aprecia maior regularidade na paginação dos pisos.As bordas, independente do material, necessitam de tratamento de forma a suavizar os cantos vivos e de resistência, pois trata-se de uma zona de transição e desnível. Para dentro do tanque há uma grande variedade de cerâmicas especialmente concebidas para o uso imerso.Há também os revestimentos naturais como a famosa pedra Hijau, que confere um aspecto naturalista ao tanque.Para ambas opções é necessário contar com mão de obra especializada para o assentamento, tomando cuidado com as juntas de dilatação e rejuntes.

Como conceber os sistemas de aquecimento e filtragem das piscinas?

Os sistemas de filtragem e recirculação das piscinas são normatizados pela NBR10339, e são compostos por conjunto de bomba, filtro, bocais, ralos e tubulações.

Atenção especial para ralos de fundo , no mínimo dois ralos, para evitar acidentes.

Para a filtragem, além dos filtros de areia existem filtros de borda, os chamados skimmers.

Apesar de serem úteis para a limpeza superficial da água, trazem um inconveniente de baixar muito o nível de água em relação à borda, trazendo uma sensação menos agradável. Nesse sentido, as chamadas bordas prainhas criam um efeito de espelho, já que o nivel d’água fica bem na face inclinada da borda.

Este tipo de borda contudo necessita de um sistema adicional de nível com boia e tanque de compensação, para garantir que o efeito permaneça , mesmo com pessoas utilizando a piscina.

Além desses sistemas, se a piscina contar com um espaço para hidromassagem, é necessário adicionar mais um sistema independente para isso. E quanto mais sistemas e maior a piscina, maior espaço é necessário para a casa de bombas, para a qual é importante pensar sua locação e dimensionamento.

E quanto custa fazer uma piscina?

Com tantas opções de layout, técnicas, sistemas e acabamentos, é uma conta que varia muito e é preciso uma análise de todos os itens envolvidos. Em nossas últimas experiências, o custo aferido variou entre R$ 3.500,00 e R$ 4.000,00 / m3 para o sistema completo.

Embora uma piscina de fibra possa parecer inicialmente mais barata, é preciso contabilizar os custos de escavação, preparação do terreno, transporte e sistemas.

E principalmente avaliar se uma piscina assim atende às necessidades pretendidas, pois se a ideia é ter uma hidromassagem, uma sauna conjugada, o melhor é partir de vez para uma piscina de alvenaria ou concreto.

De qualquer forma, é imprescindível o envolvimento de um arquiteto, desejavelmente com experiência em arquitetura paisagística para conduzir os trabalhos para se ter um resultado que valha o investimento.

Gustavo Garrido é arquiteto paisagista e head da Archscape Escritório de Paisagismo em São Paulo