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No Brasil existem inúmeros profissionais que transformaram a visão convencional de arquitetura, adequando à realidade contemporânea e à nossa condição climática. No paisagismo, um dos responsáveis por exaltar a brasilidade, ou o paisagismo tropical, foi Roberto Burle Marx.

Iniciando sua carreira como pintor e, pasmem, tendo seu primeiro contato com a flora tropical no jardim botânico de Dahlem, na Alemanha, Burle Marx se apaixonou pelas árvores e plantas brasileiras e resolveu usá-las em jardins com formas fluidas, uma das principais características em seus trabalhos paisagísticos por toda a vida. Dessa forma, o paisagista foi o responsável por difundir o conceito de paisagismo tropical no Brasil.

O estilo é uma tendência que tem ganhado força e, por isso, apresentamos neste artigo tudo o que você precisa saber sobre paisagismo tropical. Acompanhe!

O que é paisagismo tropical?

Você já esteve em um jardim e teve a sensação de que tudo foi criado naturalmente, sem muita interferência do homem? Com linhas de contornos naturais, plantas distribuídas de formas descontraídas e sem muita preocupação com podas e simetrias? Então você já visitou um jardim com paisagismo tropical!

Este estilo procura resgatar os aspectos originais da natureza para a vida urbana, trazendo jardins com a aparência mais natural o possível. O paisagismo tropical contrasta diretamente com os jardins geométricos, onde suas formas e contornos deixam claro a interferência humana na montagem, mantendo-o “sob controle”.

A ordem aqui é investir em formas e contornos fluidos, transmitindo a sensação de que tudo o que está ali, foi obra do puro acaso.

É por isso que um jardim tropical deve ser planejado com espécies de regiões tropicais e subtropicais, plantas com variados tons de verdes e formas esculturais como bromélias, helicônias, palmeiras, orquídeas, entre outras.

Como já dissemos anteriormente, o conceito de como montar um jardim tropical foi amplamente difundido por Burle Marx, que preza pela confluência dos elementos que compõem o ambiente tropical, além das plantas, pedras, lagos ou fontes, para dar um aspecto mais natural possível para o ambiente.

Contudo, o aspecto selvagem do jardim tropical só é possível ser alcançado com o devido planejamento. Com um bom projeto, é possível ter o seu jardim tropical até mesmo em espaços pequenos, como em apartamentos!

Paisagismo tropical

Imagens do Sítio Burle Marx

Como montar um jardim tropical?

Com selvas, florestas e toda sorte de plantas, flores e árvores exóticas, o Brasil é um país com um potencial de flora gigantesco. Temos riquezas naturais que, literalmente, florescem em nossos quintais, deixando tudo mais fácil para quem deseja uma área diferente de um jardim convencional.

A ideia é ter uma pequena “selva” em casa, porém, o jardim tropical precisa também de um estudo prévio. Para que ele se desenvolver corretamente, é necessário que as plantas cresçam em um ambiente propício.

Esse estilo de jardim é muito versátil, podendo ser feito na varanda de um apartamento ou na área externa de uma casa. O tamanho depende do lugar escolhido, mas é preciso dar condições para o seu desenvolvimento. Para isso, preparamos três dicas de como montar um jardim tropical de forma prática e simples:

  1. Pesquise as plantas típicas da sua região e prepare o solo do jardim

Diferente dos outros estilos, no jardim tropical a regra é criar uma paisagem natural, onde a influência do paisagista é pouco notada. Apesar de tudo, não se engane: ela está lá!

Primeiramente, vale pesquisar sobre os tipos de plantas e flores típicas de sua região. São elas que vão se adaptar melhor ao clima ao longo do ano e transformar seu jardim em uma obra viva e original. Outro fator muito relevante é o solo, que deve ser rico em nutrientes e bem irrigado, para manter as plantas sempre saudáveis.

Como o jardim é inspirado nas florestas tropicais, a liberdade de criação é total, sem desenhos padronizados. O lugar deve ser assimétrico para transmitir a sensação de estar em uma floresta. Uma das principais inspirações para o jardim tropical é a flora da Mata Atlântica, com suas plantas de folhas grandes e texturas diversas. Filodendros, Helicônias, Marantas, Bromélias, Alpíneas, Calatéias, Chamaedóreas, são algumas das plantas indicadas.

  1. Água, pedras e decoração

Além de abusar de cores, formas e texturas nas plantas, o jardim tropical também pede elementos como água, pedras e objetos de decoração.

O jardim tropical pode ser um ambiente propício para as aves. Neste caso é uma boa ideia ter água limpa para eles beberem. Você pode inserir a água através de pequenos lagos, espelhos d’água ou fontes no espaço. Também é um elemento que pode trazer frescor ao ambiente, e deixar o seu jardim com um ar ainda mais tropical.

Caminhos por entre as plantas de terra batida, pedra e madeira são bem vindos, podendo até mesmo ser irregulares e sinuosos, com uma extensão conforme a área do seu jardim.

As plantas devem ser colocadas em volta da fonte ou lago, compondo, dessa forma, um ambiente mais harmonioso. Caso opte por vasos, dê preferência aos materiais como barro, argila ou cerâmica.

Você também pode inserir iluminação artificial no seu jardim tropical, mas ela deve se integrar com o ambiente. Invista em luminárias discretas, de preferência, feitas com materiais naturais ou, se forem feitas de aço ou alumínio, opte pela cor preta, de forma que se mimetizem no espaço. O fundamental é que o lugar tenha o seu toque exótico preservado, como se fosse realmente uma floresta tropical.

  1. Sol, irrigação e outros cuidados

Mesmo com sua aparência natural, é preciso um bom planejamento para que o jardim tropical esteja sempre verde e frondoso. De início, observe as condições de insolação em cada parte de sua casa. Além disso, é indicado que seja irrigado frequentemente, sendo assim, é necessário um estudo minucioso antes de construí-lo.

Cada planta tropical precisa de uma condição diferente se insolação: umas precisa de incidência direta de luz solar, outras não toleram essa condição. Classificamos popularmente assim as plantas em plantas de sol e plantas de meia sombra. Por isso, a distribuição deve ser pensada para que aquelas que precisem de maior incidência de sol fiquem mais expostas, fazendo “sombra” as que precisem de menos.

A água é outro fator importante no desenvolvimento das plantas tropicais. Como a floresta costuma ser um local úmido, elas precisam de um ambiente igual para crescerem saudáveis. Se você vive em um local mais seco, por exemplo, você pode borrifar água nas plantas regularmente, ou se o jardim tem um porte maior, invista em um projeto de irrigação. Porém, cuidado com os excessos, pois elas não precisam de um solo encharcado.

Mantenha o solo rico em matéria orgânica e, para isso, ele deve ser preparado com adubo antes de receber as plantas. Opte pelo adubo orgânico e lembre-se de ter esse cuidado de tempos em tempos para que as plantas conservem sua saúde e vitalidade.

Quais são as espécies mais utilizadas no paisagismo tropical?

Quando o assunto é jardim tropical, a receita do mestre Burle Marx é: menos flores, mais folhagens! E o que não nos falta são folhagens lindas, de todas as formas e cores, capazes de valorizar qualquer ambiente. Mas, na hora da escolha das plantas, a principal regra é optar pelas nativas, pois são elas que vão se adaptar melhor às características do clima da sua região.

Paisagismo tropical

Locais com alta exposição solar e chuvas esparsas costumam passar por uma temporada de seca marcante. Plantas como moréia, palmeira-fênix, sagu, agave e as bravas clúsias mantêm a beleza ao longo de todo o ano.

Já regiões litorâneas pedem espécies de folhas rígidas para resistir à brisa local. Aposte em pleomeles e pitosporos, nas versões verdes e manchadas de branco ou amarelo. As agaves e clúsias também resistem muito bem ao clima praiano.

Nas florestas, os fiodendros são encontrados embaixo de grandes árvores, que filtram os raios de sol e mantém a umidade em alta. A família é gigante e possui espécies como Guaimbê, pacová, filodendro-wilsoni e filodendro-chocolate. Sozinhas ou combinadas, elas se destacam no ambiente.

Uma planta coringa, que desenvolve bem em diferentes lugares, é a helicônia, que prefere locais ensolarados, mas também tolera meia-sombra. Em um solo bem adubado, apresenta uma folha modificada e exuberante, capaz de atrair beija-flores e borboletas.

Confira a lista que preparamos com algumas das plantas mais famosas:

  • Palmito Juçara;
  • Cataléias;
  • Bromélias;
  • Orquídeas;
  • Boungavílias;
  • Marantas;
  • Helicônias;
  • Pândanos;
  • Dracenas;
  • Agaves;
  • Bananeira ornamental;
  • Costela-de-adão;
  • Samambaias;
  • Filodendros;
  • Estrelitzas.

Para se inspirar: Sítio Burle Marx

Localizado em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o sítio abriga uma coleção de mais de 3.500 espécies de plantas de regiões tropicais e semi-tropicais. Burle Marx comprou a propriedade em parceria com o irmão, Siegfried, em 1949 e fez dela um laboratório para estudar a flora brasileira, até então pouco valorizada nos projetos paisagísticos.

A partir dessas experiências, ele criou o jardim tropical moderno, que representa uma mudança de paradigma no paisagismo, uma grande contribuição para a humanidade.

Grande parte das plantas que podem ser vistas no sítio hoje são oriundas das excursões que Burle Marx fazia pelos diversos biomas brasileiros. Nessas expedições o paisagista chegou a descobrir cerca de 50 novas espécies, muitas batizadas com o seu nome, como o Orthophytum burle-marxii.

Paisagismo tropical

O paisagista foi precursor em muitas coisas, como, por exemplo, o aproveitamento de materiais de prédios demolidos para fazer calçamentos, cascatas, portas e fachadas na propriedade. Em entrevista ao programa O Mundo Mágico, que faz parte do arquivo da TV Brasil, Burle Marx disse:

“Se eu procurei compreender o jardim aplicado à nossa natureza, vamos dizer, à nossa natureza humana e sobretudo às necessidades brasileiras, é porque eu não quero fazer apenas jardins para uma casa de milionários. Eu gostaria de fazer jardins que o povo pudesse participar”.

Preocupado com a preservação do seu acervo, Burle Marx doou o sítio ainda em vida para o governo federal, em 1985, nove anos antes de morrer. Hoje o espaço está sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Em julho deste ano, o Sítio Roberto Burle Marx foi reconhecido como Patrimônio Mundial ad Unesco.

E então, gostou de conhecer mais sobre o paisagismo tropical? Se é este tipo de paisagismo que você idealiza para sua casa ou espaço comercial, entre em contato com a ARCHSCAPE!

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