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É muito gostoso quando podemos passear por ruas em que, mesmo ao redor de muitos prédios, o verde ainda resiste. Mas, arquitetura sustentável vai muito além de planejar espaços verdes em meio ao concreto ou adquirir uma casa de campo.

Projetos socialmente equilibrados, impactos ambientais reduzidos e uso consciente dos materiais são apenas algumas das temáticas. A questão é: será que se trata apenas uma moda?

Nos últimos tempos, falar sobre sustentabilidade virou uma regra. A verdade é que ter um estilo de vida mais sustentável, consciente em relação ao meio ambiente e o lixo que produzimos não é mais tendência, é realidade.

É por isso que entender o que é arquitetura sustentável é primordial para você que sonha com uma casa de campo alinhada com essas questões e para viver em harmonia com a natureza.

Levar em conta os princípios da sustentabilidade na hora de construir uma casa, ainda mais no campo, pode ser mais simples do que você imagina, e vamos mostrar tudo neste artigo. Acompanhe!

O que é arquitetura sustentável?

O conceito surgiu nos anos 1970, com projetos arquitetônicos que tinham como foco principal uma boa execução, alterando minimamente o ambiente natural de construção. Ou seja, trabalhar utilizando os recursos materiais ecológicos disponíveis e, claro, promover o desenvolvimento social.

Ao contrário do que muita gente imagina, entender do que realmente se trata arquitetura sustentável envolve mais do que apenas critérios ecológicos. O conceito também abarca aspectos como:

  • Minimizar os impactos ambientais, sendo ecologicamente correta;
  • Promover o desenvolvimento social e cultural;
  • Ser viável economicamente.

A utilização dos materiais é um ponto muito importante na arquitetura sustentável. Mas garantir que a mão de obra usada na preparação daquela matéria-prima teve condições saudáveis de trabalho é tão relevante quanto, por exemplo.

Outro quesito a ser considerado é que o mercado não perdoa projetos que usam conceitos ecológicos, mas que acabam se tornando inviáveis financeiramente.

Para garantir uma construção sustentável, é importante que a proposta tenha o investimento recompensado em médio ou longo prazo. Por isso, é necessário estar atento à iniciativas realmente consolidadas, como, por exemplo, o uso da energia solar.

Princípios da arquitetura sustentável

O objetivo da arquitetura sustentável é sempre diminuir os impactos ambientais e, por isso, ser ecologicamente correta enquanto promove o desenvolvimento social. Para que a sua casa de campo seja considerada sustentável, é preciso que siga alguns requisitos importantes:

1º. Análise do entorno e também a parte de integração do projeto a esse espaço, respeitando o espaço rural e valorizando a cultura local.

2º. Uso sustentável da área, ou seja, a construção da casa de campo não deve realizar nenhuma mudança muito radical no perfil natural do terreno e tentar usar a menor parcela possível para a construção. Por isso, nesta hora é importante você contar com a consultoria de um arquiteto com familiaridade com paisagismo, implantações e movimento de terra, pois poderá ter mais êxito nesta tarefa. 

3º. Planejamento integrado e em detalhe: através da compatibilização de projetos, do detalhamento fino e com visão de processos em obra, será possível evitar desperdícios e também promover a integração com outros projetos complementares para, assim, obter melhor resultado.

4º. Adaptação às condições climáticas e uso do conceito de arquitetura biofílica. Isso significa que antes de construir a sua casa de campo, você deve estudar o clima do local para poder criar uma orientação solar e desenvolver o projeto para que ele faça uso da melhor forma possível aos recursos naturais e do potencial que o paisagismo oferece, seja para o conforto térmico e mesmo psicológico. 

5º. Atender às necessidades do usuário, sendo um projeto que pode ser facilmente adaptável à todas as mudanças de necessidade de uso.

6º. Uso racional de energia, visto que o projeto deve possuir estratégias para promover o consumo mínimo de energia.

Outros princípios são: eficiência hídrica, uso racional dos materiais, uso de tecnologias inovadoras, paisagismo sustentável, viabilidade econômica, análise do ciclo de vida da construção e promover a conscientização de todos envolvidos no processo.

Quais são as normas ambientais e certificações?

Assim que o mercado percebeu a preocupação das pessoas, dos governos e das empresas através da sustentabilidade como um valor para o negócio, foram criadas ferramentas para atestar esses valores de forma objetiva e sistemática.

Dessa forma, surgiram normas relacionadas a:

  • Segurança do trabalhador – com a ABNT NBR 12284:1991
  • Reutilização dos resíduos – como a ABNT NBR 15112:2004

Entre os selos e certificados, alguns dos principais são:

  • Certificação Leed (Leadership in Energy and Enviromental Design)
  • AQUA-HQE (Alta Qualidade Ambiental)
  • Selo Procel Edifica
  • Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal

Se você ainda tiver dúvidas com questões mais técnicas, basta conferir o manual do arquiteto, que foi desenvolvido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

Mas afinal, quais são as vantagens da arquitetura sustentável?

O Brasil se encontra em 4º lugar no ranking dos 10 principais países que mais desenvolvem construções sustentáveis. São mais de 530 empreendimentos com certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que totalizam mais de 16,74 milhões de m² construídos com foco na sustentabilidade, conforme aponta a pesquisa realizada pela U.S. Green Building Council (USGBC), em 2018.

Apesar destas certificações serem mais frequentes em empreendimentos de grande porte, você pode (e deve!) utilizar os conceitos que os norteiam mesmo em menor escala, como na sua casa de campo, por exemplo. 

Agora então, que você já sabe um pouco mais sobre arquitetura sustentável, e o quanto ela é popular por aqui, que tal conhecer as suas principais vantagens? Listamos algumas para você:

  1. É MAIS BARATO  (a longo prazo): ao contrário do que muita gente imagina, fazer arquitetura sustentável é mais barato. Nem toda construção nesse modelo é mais cara, mas em média, elas ficam ligeiramente mais caras que as convencionais. Entretanto, essa diferença é recuperada rapidamente na etapa de uso e manutenção do edifício (a fase mais longa e cara da edificação), com economias significativas nas contas de energia e água, por exemplo.
  2. É MAIS ECOLÓGICO: o setor da construção civil é um dos principais responsáveis pelos impactos ambientais, consumindo 75% dos recursos naturais, 21% da água nas cidades e gerando 80 milhões de toneladas/ano de resíduos, segundo dados do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. Dessa forma, as vantagens ambientais em construir verde são evidentes, destacando a redução do consumo de água e energia. A diminuição do uso racional de recursos naturais e da geração de resíduos e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
  3. É MAIS SAUDÁVEL: além de reduzir a quantidade de poluição, que certamente tem impacto na saúde de todos a sua volta, esse tipo de construção também melhora a saúde física e mental dos ocupantes.
  4. É MAIS JUSTO: por mais ecológica que seja uma construção, se nela não forem respeitados os direitos e a saúde dos trabalhadores, ela nunca será sustentável. Além disso, deve-se respeitar a comunidade local e ser acessível a todos, entre outras coisas.
  5. É MAIS EFICIENTE: essas construções, além de se preocuparem com a eficiência energética e hídrica, focam também na diminuição dos desperdícios de materiais e distâncias que eles percorrem para chegar à obra.
  6. É UM INVESTIMENTO: edificações sustentáveis têm maior valor no mercado imobiliário. Muitas pesquisas já mostraram que o imóvel que tem um certificado, por exemplo, tem valorização de 10% a 30% no valor.
Casa no campo sustentável

Cortesia de imagem: Taipal

Quais são as técnicas de construção sustentável?

Ainda que o Brasil já disponha de um mercado em expansão no segmento de construção sustentável, sobretudo no quesito materiais, o país ainda engatinha quando o assunto é sistemas construtivos sustentáveis. Mas, as perspectivas são positivas para o setor!

Quer conhecer mais sobre as técnicas de construção sustentável? Elencamos as principais aqui para você, confira:

Bioconstrução (construção natural)

Por princípio, a bioconstrução utiliza de recursos naturais, presentes no local da obra. Na maioria das regiões do Brasil, o recurso local mais abundante e tecnicamente propício para construir é a terra, o solo do próprio terreno ou proximidades.

Essas construções de barro, ou terra crua, são ancestrais e ocorrem em diversos lugares do mundo. Os dados variam entre 30 e 60% da população mundial vivendo em casas de terra ainda nos dias de hoje.

Utilizar essas técnicas de bioconstruções garantem uma casa com comportamento térmico que permite manter o ambiente fresco no verão e quente no inverno sem precisar utilizar ar-condicionado. Isto reduz consideravelmente os gastos com energia elétrica, por exemplo.

Conheça 5 técnicas de construção com terra crua:

  1. Taipa de pilão: esta é uma técnica ancestral, recorrente ao redor do mundo. Trata-se da construção de paredes utilizando uma forma feita com tábuas, madeirites ou chapas metálicas, disposta paralelamente entre si e presas aos pilares da obra. Esta espécie de caixa comprida vai sendo preenchida com a massa de terra pura, ou misturada com palha seca. Depois, é pilada com um pilão manual que compacta a terra até virar um monolito. Após o preenchimento completo, move-se a forma para cima e repete-se o procedimento.
  2. Pau a pique ou casa de taipa: técnica tradicional do norte e nordeste brasileiros, que usa uma terra argilosa com, pelo menos, 40% de argila. A massa de terra bem molhada, mas não a ponto de virar lama, é colocada manualmente numa espécie de estrado vertical, ou um gradeado, feito com varas, galhos ou cipós grossos, encontrados nas redondezas da obra, previamente armados na linha das paredes.
  3. Cob: usa terra com 40 a 50% de argila, acima disso é preciso acrescentar um pouco de areia. Consiste numa massa feita da mistura de terra com palha seca. Sua aplicação é como se fosse uma massa de modelar, a qual é aplicada na linha da parede, diretamente sobre o chão, sem o gradeado do pau a pique, nem qualquer outro tipo de forma ou escora. Após secar, essa parede vira um monolito, sendo uma estrutura bastante resistente.
  4. Adobe: tradicional da região centro oeste e sudeste do Brasil, são tijolos feitos de terra. Usa o mesmo tipo de terra do pau a pique, porém são produzidos os tijolos antes de serem usados nas paredes. A massa de terra é aplicada dentro de uma forma retangular com dimensões definidas em função do tamanho do tijolo desejado. Após preenchimento da forma ela é imediatamente retirada e aquele tijolo mole fica secando no pátio por cerca de 15 dias. Depois de seco, basta retirar o tijolo e usá-lo nas paredes. O assentamento normalmente é feito com a mesma massa que foi usada nos tijolos.
  5. Tijolo de solo-cimento: esta técnica utiliza uma mistura de 10 partes de terra para 1 parte de cimento. A argamassa, aliada ao procedimento de prensagem, é feita numa máquina semi-manual, na qual o operador adiciona a mistura de terra e cimento e movimenta uma alavanca que faz a compactação da massa na forma dos tijolos. Após isso, basta secar por sete dias e, então, obtém-se um tijolo semelhante ao tijolinho maciço de cerâmica, muito utilizado em paredes de tijolos aparentes.

Construção Modular

Nesta modalidade, imóveis residenciais, comerciais ou industriais são construídos por meio do método off site, ou seja, fora do canteiro de obras, em ambiente controlado. Esse método explora os conceitos de Lean Construction (construção seca), e a fabricação ocorre com a junção de módulos habitacionais padronizados em seus tamanhos e formas.

Esses módulos são unidos por tecnologias de encaixe e acoplamento e recebem acabamentos especificados no projeto. Ao final, são transportados ao local da obra e montados sobre fundações previamente construídas.

Os ganhos ambientais dos sistemas construtivos sustentáveis modulares também são altos. Há baixíssimo consumo de água nos canteiros, os resíduos gerados são mínimos e têm um destino ambientalmente correto.

Steel Frame

Neste sistema construtivo, a estrutura de aço galvanizado é a principal vantagem. Isso porque o perfil steel frame é leve e formado por peças industriais, montadas no próprio canteiro de obras. O resultado disso são construções realizadas em menos tempo, de forma mais limpa e uma considerável redução de materiais desperdiçados.

Para utilizar steel frame, os projetos arquitetônicos, executivo e estrutural devem estar bem definidos e devidamente compatibilizados para que seja possível o planejamento e a execução da obra.

E então, gostou de conhecer um pouco mais sobre sobre arquitetura sustentável? Se tiver alguma dúvida ou interesse em planejar uma casa de campo que siga as diretrizes deste tipo de construção, entre em contato!

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