Qualificação de espaços residuais :
Jardim das Esculturas
Construções de grande porte executadas em fases costumam estender a existência temporária de espaços residuais nas grandes cidades, causadas pelos canteiros de obra, originando os assim chamados “não lugares”. E muitas vezes a situação pode se entender de forma permanente, trazendo degradação e insegurança para o espaço urbano.
Era o destino para o parte do terreno do empreendimento Berrini One, um empreendimento “triple A” de lajes corporativas localizado na esquina de duas importantes avenidas da cidade de São Paulo: a Avenida Eng. Luís Carlos Berrini e a Avenida dos Bandeirantes . O projeto inicial previa a construção de dois edifícios dos quais um somente acabou se concretizando, sendo que para o segundo apenas os arranques de pilares do futuro edifício foram executados.
A área assim permaneceria cercada de tapumes por tempo indeterminado quando nasceu a ideia de se qualifica-la com elementos paisagísticos de forma a se criar uma segundo acesso para o empreendimento. A solicitação do incorporador de incluir no espaço uma escultura de raiz de árvore no local acabou por batizar o novo espaço: o Jardim das Esculturas.
Um elegante deck de madeira foi projetado conduzindo o acesso ao edifício principal, passando pelos arranques de pilares preexistentes. Essas estruturas foram transformadas em pedestais para outras esculturas que, juntamente com a raíz da árvore, transformaria a área em um atrativa galeria aberta.
As áreas circundantes foram remodeladas seguindo a premissa de uma praça que poderia ser facilmente remontada em outro lugar uma vez que a construção da torre fosse retomada. Com isso em mente, toda a paisagem foi projetada desconsiderando materiais permanentes como concreto e, em vez disso, usando métodos mais flexíveis como madeira ou pedrisco, que estabeleceram uma conexão entre essa nova área e a área preexistente do empreendimento. Aproveitando a estrutura existente das caixas de escada e futuros elevadores, bancos e espreguiçadeiras foram projetadas juntamente com uma cuidadosa seleção de exemplares vegetais, criando um cenário reconfortante para contemplação e descanso.
O design desta nova área junto à Avenida dos Bandeirantes acabou por transformá-la no principal acesso pedonal do empreendimento, resguardando os pedestres do fluxo de veículos, localizado na Luís Carlos Berrini e oferecendo à cidade uma generosa área semipública, que passou a estimular a vida urbana na região.