Você já ouviu falar em Streetscape? A tradução para o português significa simplesmente paisagem urbana. Esta é uma nova ferramenta na arquitetura e urbanismo que tem como ponto central o bem estar, o convívio harmonioso e a segurança das pessoas. Prédios, calçadas, arborização, mobiliário fazem parte da área de estudo, que tem o intuito de humanizar as ruas.
De acordo com o artigo da Universidade de Delaware, dos Estados Unidos, a definição para essa representação é descrita como “o tecido natural e construído de uma via e se refere à qualidade do design desses ambientes e seu efeito visual”.
Todas essas definições impactam na experiência do cidadão. Não só isso, afetam também a sustentabilidade de uma comunidade, por meio das atividades econômicas e o bem-estar, por exemplo. Portanto, o streetscape pensa no desenho das ruas como um todo, diferente de outros projetos de vias dinâmicas que não priorizam as pessoas. Ele reúne técnicas da arquitetura, urbanismo e arquitetura paisagística, focada no ambiente urbano de domínio público.
É uma nova área do conhecimento que tem como prioridade o desenho da paisagem da cidade, tornando-as mais humanizadas colocando, dessa forma, os cidadãos num primeiro plano. Projetar locais de permanência nas ruas é um dos focos principais do Streetscape, espaços como áreas de mesas na calçada para restaurantes, cafeterias, sorveterias. Isso para conferir ambientes potencializadores de encontros, trocas e indiretamente vigilância e zeladoria.
O processo do Streetscape
Ele pode ser utilizado tanto em cidades existentes como em novas comunidades planejadas e dependendo do caso o processo tem pequenas nuances. No primeiro caso é necessário primeiramente se fazer um diagnóstico da área que se pretende transformar e analisar itens como ocorrência de muros ou fachadas cegas, visibilidade e sensação de segurança, fluxo de pedestres e de veículos, sinalização, vegetação, materiais, mobiliários, dentre outros. Para o segundo caso, é necessário se iniciar ainda na elaboração do projeto urbanístico, propondo alterações pontuais que visem a priorização do pedestre.
Um exemplo simples é de uso de pisos intertravados. Do ponto de vista do Streetscape, seu uso é mais adequado aos automóveis, que com ele reduzem a velocidade. Para o cidadão, o seu caminhar torna-se mais difícil com esse tipo de escolha, sendo ideal portanto a escolha de um pavimento mais regular.
A seleção das árvores também é minuciosamente estudada. Tudo vai depender daquilo que se espera da região – como por exemplo mais sombras ou áreas com mais sol.
Na área do mobiliário urbano, a qualidade do produto tem que ser levada em consideração para oferecer uma melhor experiência a todos que transitarem pelo local, seja uma pessoa de mais idade, crianças ou quem tem necessidades especiais – a ideia é de inclusão social é também um fator chave no processo.
Iluminação e sinalizações com placas claras são escolhas fundamentais, tudo de forma a promover a socialização, formação de comunidades e o estreitamento de laços entre as pessoas. Um ambiente assim transformado vai oferecer diversas atividades que possam conectar pessoas, criando lugares realmente especiais.
Conclusão
O uso do Streetscape tem sido uma ferramenta fundamental tanto na requalificação de áreas degradadas como na criação de novas comunidades planejadas, pois além de propiciar a criação de ambientes mais vivos, agradáveis e dinâmicos, fomenta a economia local e reforça os laços entra a comunidade.
A humanização das vias junto com a ideia do indivíduo em primeiro lugar é essencial para a vida urbana. Ruas e ambientes descontraídos, com encontros de pessoas transmitindo alegria, essa é a via do conceito.
No clássico de Jane Jacobs “Morte e vida das grandes cidades” a autora diz que “se as ruas de uma cidade parecerem interessantes, a cidade parecerá interessante. Se as ruas parecerem monótonas, a cidade parecerá monótona”.
O Streetscape é isso, significa dar vida a um determinado lugar e transmitir isso a quem o frequenta.