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Nós já falamos aqui no blog sobre como o ambiente influencia na sua vida e principalmente na saúde, lembra? A psicologia na arquitetura vem sendo estudada há muito tempo, mas foi apenas o avanço da tecnologia nas últimas décadas que permitiu estudar a fundo os efeitos dos ambientes no cérebro humano.

A junção da neurociência, o estudo do sistema nervoso, com a arquitetura, que projeta os ambientes, deu origem à neuroarquitetura, que estuda a relação entre a concepção dos ambientes e a mente humana. Aliando conhecimentos arquitetônicos, urbanísticos, neurocientíficos e psicológicos, esse campo pode transformar a forma como percebe os ambientes.

A neuroarquitetura é um termo que vem se popularizando cada vez mais, por isso vamos explicar tudo o que você precisa saber neste artigo. Continue com a gente!

O que é neuroarquitetura?

Apesar de recentes, os estudos na área da neuroarquitetura ganham cada vez mais força, pois a relação do homem com o seu meio é fundamental para o seu desenvolvimento. A forma como os ambientes são planejados e organizados é determinante para o desenvolvimento cognitivo e para o modo de interação do ser humano com o ambiente.

O termo está relacionado à criação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA), na Califórnia, em 2003, uma instituição que fomenta a pesquisa nessa área. O neurocientista Fred Gage e o neurocientista e arquiteto John Paul Eberhard são os pesquisadores por trás dos primeiros estudos na área.

Gage comprovou que diferentes ambientes causam efeitos diferentes no cérebro. Uma de suas frases diz: “As mudanças no entorno mudam o cérebro, portanto, modificam o nosso comportamento”.

A neuroarquitetura busca explicar que elementos arquitetônicos podem favorecer o bem-estar de quem frequenta uma obra, seja ela uma casa, um escritório ou um prédio público. Esse campo de estudo reúne equipes multidisciplinares para entender como o cérebro reage à arquitetura e como nos tornamos mais saudáveis com a ajuda dela.

O fato é que não é apenas em projetos urbanísticos que a Neurociência se relaciona com a arquitetura. Essa relação também é percebida em ambientes corporativos. Como a maior parte das pessoas passa cerca de 8 horas por dia no trabalho, o ambiente a seu redor afeta diretamente a produtividade.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) identifica como “Síndrome do Edifício Doente” o conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados. O que ressalta a importância dos ambientes serem projetados não apenas em aspecto prático e econômicos, mas também de forma saudável.

Qual é o conceito da Neuroarquitetura?

Quem nunca sentiu um cheiro, ouviu uma música ou viu algum objeto que lembra muito um momento, um lugar ou uma pessoa especial? Embora pareça algo corriqueiro, isso pode ser explicado pela ciência como um evento de associação à memória afetiva. Isso ocorre porque nossos sentidos podem fixar no cérebro as sensações provocadas pela visão, olfato, paladar, audição e tato.

Nesse contexto, é natural relacionarmos um tipo de decoração ou cheiro, por exemplo, a um local específico com o qual temos alguma familiaridade. É por isso que, quando sentimos o cheiro de um bolo, vem à nossa mente lembranças de momentos geralmente relacionadas à cozinha da mãe.

Além dos sentidos, a neuroarquitetura pode influenciar diretamente na mente humana, tanto auxiliando no aprendizado, quanto na perspectiva emocional dos indivíduos. Ela pode ser dividida em 4 princípios simples:

  • Sensação e percepção
  • Aprendizagem e memória
  • Tomando uma decisão
  • Novas experiências

E como usá-la na prática?

Sensação e percepção

O foco neste ponto está na visão e no olfato. A iluminação não natural — em especial a luz azul — pode realmente afetar o relógio biológico do seu corpo, alterando o seu ritmo circadiano, impactando o seu ciclo de sono e até mesmo o seu humor.

Para combater isso e tornar a luz que usa em sua casa mais adequada, você pode instalar dimmers nos quartos onde passa a manhã e noite. Isso ajuda o seu corpo a se adaptar ao ciclo do dia à noite. Opte por aqueles que aumentam lentamente até a intensidade definida e desaparecem lentamente quando desligados. Inclua também diferentes fontes de iluminação, como teto, arandelas e luminárias de chão para uma iluminação em cenas conforme o necessário.

Porém, o mais importante é mover TVs e computadores que emitem luz azul para fora do quarto. Esse tipo de luz interfere de fato e leva o seu corpo a pensar que ainda há luz do dia.

Traga o verde

Pesquisas mostram que as plantas podem reduzir o estresse e melhorar a concentração, então traga plantas vivas para dentro de casa. Elas adicionam uma vibração adorável a qualquer espaço que ocupam. Os seres humanos têm uma conexão inerente com a natureza e ela também ajuda — e muito! — a purificar o ar.

Aprendizagem e memória

O foco aqui está nas formas e no movimento. Decorações arredondadas encorajam mais atividade cerebral em comparação com uma sala com mobília quadrada. Dessa forma, incorporar geometria suave em móveis é uma ótima maneira de aumentar os estímulos.

A decoração arredondada também é percebida como mais agradável, enquanto os móveis com linhas simples evocam sentimentos de negatividade.

Alguns objetos simples podem ajudar a suavizar um espaço e torna-lo mais interessante, como adicionar algumas almofadas redondas em um sofá quadrado, ou pensar em incorporar uma mesa de centro redonda, ou peças de decoração arredondadas, com tigelas e abajures de mesa redondos.

Tomada de decisões

Os objetos e onde armazená-los definem o princípio de decisão na neuroarquitetura. O cansaço das decisões é algo com que muito de nós lidamos, quer saibamos disso ou não. O cérebro está tomando micro-decisões o dia todo e você pode eliminar algumas delas em sua casa fazendo algumas mudanças simples.

Reduzir a quantidade de desordem que você está cercado é a maneira mais fácil de fazer isso. Geralmente é algo que está esperando para ser guardado ou eliminado e você desperdiçará uma valiosa capacidade cerebral toda ver que ver esse item.

Determine quais objetos estão em seu espaço e lhe trazem alegria e quais objetos devem ser removidos. Observe seus padrões ao se mover pela casa e configure seu espaço para que não permaneçam itens indesejados.

Separe um espaço oculto para o armazenamento dos itens incômodos que estão sempre no balcão. Você pode designar uma “gaveta da bagunça”, por exemplo, para colocar esses objetos fora de vista, mas saiba onde encontrá-los quando precisar.

A neuroarquitetura é sobre criar um design que funcione para o seu estilo de vida. Facilite para sua mente tomar todas as micro-decisões ao ter as coisas onde você precisa delas — por exemplo, mantenha a coleira do cachorro, sacolas reutilizáveis e guarda-chuvas na entrada da frente.

Tudo tendo seu lugar em uma localização lógica significa que você não precisa pensar enquanto sai pela porta. Coloque uma lixeira na porta da frente para que, ao chegar em casa com correspondência indesejada, você possa retirá-la de vista imediatamente.

Novas experiências

Reorganizar os elementos da sala pode ajudar a nos manter alerta, mas não se trata apenas da colocação de objetos. A pintura pode mais do que apenas transformar o espaço. A dopamina é a substância química que nos motiva a explorar, suas vias são ativadas quando o cérebro é exposto a novos ambientes e não às mesmas coisas diariamente.

Uma mudança na aparência e no layout de sua casa pode estimular essa parte do cérebro. Você pode também ousar nas tintas, criando uma experiência totalmente nova em um ambiente.

Nem sempre é fácil ver os nossos espaços com novos olhos, mas vale à pena. A ideia é “sair e voltar” a cada poucos anos. A simples troca de almofadas ou cadeiras pode realmente modificar a aparência de um espaço, assim como uma nova estante ou obra de arte.

5 ambientes para aplicar a neuroarquitetura

Separamos algumas sugestões para você transformar seus espaços:

Sala de estar

Por ser um local acolhedor, acrescente um leve toque de cores vibrantes. Se esse lugar também for usado para descansar, cuidado com os excessos. Dê prioridade às plantas para relaxar o olhar, janelas com abertura para paisagens agradáveis e que possibilitem a entrada de luz e ventilação natural. O que acha de acrescentar uma mesa de canto para os jogos de tabuleiro em família?

Ambientes com pé direito alto são mais agradáveis para a circulação do ar. Se o pé direito for baixo, pode dar uma ideia de opressão. Nesse caso, se não tiver alternativa, pinte o teto de branco e tenha móveis mais claros.

Quartos

São locais para descansar e as plantas podem estar presente. Priorize objetos que sejam agradáveis ao olhar e tragam boas energias. Afinal, é um local para trazer descanso e relaxamento.

Cozinha

Pode ter pequenos vasos com temperos. Além do aroma agradável, terá alimentos frescos para as refeições.

Home Office e local para estudos

Deve ser um espaço reservado, sem ruídos, onde quem ali trabalha ou estuda consiga se concentrar.

Jardins

São locais agradáveis para permanecer e contemplar. Os jardins podem estar, até mesmo, integrados com os ambientes internos. Investir no paisagismo, além de deixar a casa mais bonita, é uma tendência que veio para ficar.

Para montar um projeto aliando a Neurociência e a Arquitetura é necessário fazer um bate-papo com a família ou as pessoas que vão conviver naquele local para que a construção atenda às suas necessidades.

Se você ficou interessado em aplicar os conceitos da neuroarquitetura ao seu projeto, entre em contato com a equipe ARCHSCAPE e agende uma entrevista!

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