Arquitetura Biofílica

Quando procuramos por um lugar para relaxar, sempre nos vem à mente locais que tenham a presença de plantas, assim como uma boa iluminação natural, já que com isso é possível obter uma conexão com o exterior.

A biofilia é uma forma de inovar e oferecer aos mais diversos ambientes itens naturais capazes de melhorar a nossa saúde, além de garantir bem-estar. Muitos arquitetos e designers têm investido nesse movimento que busca resgatar os ambientes naturais e trazer para locais construídos pelo homem.

Se você não está familiarizado com este termo, fique tranquilo. Neste artigo vamos explicar o que é a Arquitetura Biofílica, suas características, um pouco de sua história e como ela é aplicada dentro de um projeto, seja na cidade ou casa de campo.

Além disso, também vamos apresentar os benefícios da arquitetura biofílica para quem a vive. Acompanhe!

Você sabe o que é Biofilia?

Antes de entender o que é arquitetura biofílica, primeiro é preciso saber mais sobre o significado da palavra. Biofílico vem de biofilia, que pode ser definido como “amor à vida” ou “amor aos seres vivos”. Essa palavra pode ser nova e estranha para muita gente, mas nos últimos meses, vem ganhando cada vez mais espaço no universo da arquitetura e design.

A biofilia tem como principal objetivo conectar a nossa necessidade de estar em contato com a natureza mesmo em ambientes modernos e projetados pelos homens. A partir do momento que nos reconectamos com a natureza, que é de onde viemos, temos a chance de melhorar nosso desempenho nas mais diversas esferas.

Dessa forma, o principal objetivo do design biofílico é criar um local que habita estruturas, assim como paisagens e comunidades modernas. Porém, para que isso seja possível, é preciso que algumas condições sejam cumpridas e isso, você vai compreender ao decorrer deste artigo!

De maneira simplificada, podemos explicar a arquitetura biofílica como a reinterpretação da relação entre homem e natureza. Sendo assim, esse movimento pode ser entendido como uma busca por conexão.

Como a biofilia é aplicada na arquitetura?

Agora que entendemos a origem da palavra, podemos compreender melhor do que se trata esse conceito e ver que ele não se trata apenas criar paredes verdes, usar madeira nos projetos ou usar a palavra “sustentabilidade”.

A ideia vai muito além disso, buscando promover o bem-estar, a saúde e o conforto emocional através de uma reconexão das pessoas com a natureza, proporcionada a partir de projetos que promovam essa relação.

No decorrer da evolução da humanidade, a interação do homem com a natureza foi diminuindo, acelerada pela revolução industrial e tecnológica, que automatizou diversos processos e foi nos confinando cada vez mais em ambientes fechados. Com o passar do tempo, isso foi moldando o estilo de vida moderno.

Apesar de ser um movimento relativamente recente, essa relação já é estudada a algum tempo. O termo biofilia aparece pela primeira vez em 1964, usado pelo psicólogo Erich Fromm e, nos anos 80, pelo biólogo Edward O. Wilson, analisando como a urbanização começou a promover uma forte desconexão com a natureza.

Alguns elementos presentes em projetos que consideram a arquitetura biofílica são a iluminação e ventilação natural, a utilização de plantas em espaços internos, ambientes mais silenciosos ou com sons que remetem à natureza (como fonte de água, por exemplo), compondo um conjunto que transmite tranquilidade.

Também é indicado o uso de materiais sustentáveis, que são mais eficientes. Cores e texturas, que parecem ou reproduzem padrões encontrados na natureza, também podem ser usados como estratégia para um projeto de design biofílico, seja em espaços residenciais ou corporativos.

Os principais aspectos do design de interiores que utiliza a biofilia são:

  1. A busca por um envolvimento repetido e contínuo com a natureza;
  2. A concentração nas adaptações humanas ao mundo natural que, ao longo do tempo evolucionário, melhoraram a sua saúde e bem-estar;
  3. O estímulo de ligações emocionais com configurações e lugares específicos;
  4. Maiores interações positivas entre as pessoas e a natureza, estimulam um sentido de relacionamento e responsabilidade para as comunidades humanas e naturais;
  5. O estímulo de soluções arquitetônicas de reforço mútuo, interconectadas e integradas.

Quais são os aspectos de um projeto que promove a biofilia? 

São diversos os aspectos, mas, podemos enumerá-los como:

#1. Experiências diretas de natureza:

Aqui falamos sobre os elementos primários como luz, ar, água, plantas, animais, clima, paisagens naturais e fogo. A ventilação natural é muito importante para o conforto humano e a produtividade.

A experiência da ventilação natural em um ambiente pode ser aprimorada por variações no fluxo de ar, temperatura, umidade e pressão. O fluxo de água acalma nossos sentidos, melhorando nossa sensação de bem-estar e por consequência nossa produtividade.

#2. Experiências indiretas de natureza:

Neste ponto falamos sobre imagens da natureza, a utilização de materiais naturais, cores naturais, a simulação de luz natural, o contato com formas naturais, elementos que evoquem a natureza ou que denotem a passagem do tempo.

Imagens de natureza são ótimas tanto para nossos sentidos intelectuais quanto emocionais. Materiais naturais podem ser especialmente estimulantes, refletindo as propriedades dinâmicas da matéria orgânica na resposta adaptativa às tensões e desafios da sobrevivência ao longo do tempo.

Formas que trazem a natureza provocam a nossa imaginação e estimulam a criatividade. Eles não precisam ser excessivamente complexos. Formas simples já proporcionam um ótimo resultado.

#3. Experiências de espaço e lugar:

Aqui tratamos a busca pelo refúgio, a complexidade organizada, a integração de pessoas e sentimentos de lugar, a utilização de espaços de transição a mobilidade e orientação. Proporcionar vistas amplas, tanto para dentro quanto para fora, nos dá uma noção mais ampla das “oportunidades e perigos” do espaço e maior sensação de refúgio e segurança.

Pessoas que desfrutam de espaços que possuam uma sequência definida, assim como pontos de encontro, obtém um maior sentimento de lugar e integração com as pessoas.

Os benefícios da arquitetura biofílica para quem a vive

De acordo com o relatório Human Spaces no Impacto Global de Design Biológico, quando presente em locais de trabalho, os níveis de bem-estar aumentam em torno de 15%, já a produtividade em 6% e a criatividade em 15% quando relacionados àqueles que atuam em ambientes sem a presença da natureza.

Arquitetura biofílica em projetos residenciais

Um exemplo que pode ilustrar como a arquitetura biofílica pode ser aplicada em projetos residenciais são os jardins verticais naturais. Eles elevam a qualidade de vida e bem-estar dos moradores, pois as plantas, quando colocadas de forma correta, trazem benefícios práticos como resfriamento natural do ambiente, e ainda proporcionam um visual agradável.

Muitas vezes não percebemos que pequenos detalhes podem fazer toda a diferença quando falamos em conforto. Plantas para apartamento, por exemplo, deixam os ambientes melhores, com o ar mais purificado, leve e agradável.

O uso de espelhos ajuda a refletir a luz natural, que é muito importante para manter o ciclo biológico em dia, e ainda pode proporcionar momentos contemplativos das cores dos reflexos e sombras.

Arquitetura biofílica em projetos empresariais

Um exemplo de biofilia aplicada em empresas é a sede da Amazon, em Seattle. A construção recebeu o nome de “Spheres” e é um dos projetos de design biofílico mais famosos. Inaugurado em 2018, o edifício é formado por três esferas, com estrutura metálica e painéis de vidro translúcido, e abriga mais de 40 mil plantas.

Imagens: archdaily.com

O foco do projeto corporativo é proporcionar maior bem-estar para os colaboradores da empresa, com menos baias e mais integrados à natureza – para isso, foi criado de fato um ambiente florestal dentro da estrutura, inclusive com rios e cachoeiras.

Conforme divulgação da Microsoft, que também aplica o conceito no campus da sua sede corporativa, em Washington, ser mais criativo e flexível com o espaço de trabalho aumenta a produtividade e criação de produtos inovadores.

A empresa criou um deck suspenso com três “escritórios na árvore” para reuniões e espaços convidativos para o trabalho ao ar livre, com toda infraestrutura tecnológica necessária.

Como implantar um projeto biofílico?

É necessário o trabalho em conjunto com o cliente e todos os envolvidos no processo de decisão de  projeto, além dos usuários dos espaços, para que possa se construir um quadro completo de necessidades e possibilidades arquitetônicasTodas as decisões projetuais devem ser suportadas pela devida solução técnica. Um exemplo simples, é prover um sistema de irrigação automatizado para as plantas, de forma que a manutenção do conceito implantado seja sustentável no dia a dia. Coletar a água proveniente dos drenos do ar condicionado para rega é também outra solução desejável para um desenho biofílico.

Essa análise fará com que o arquiteto tenha uma compreensão melhor das oportunidades espaciais e humanas que existem e obter resultados alinhados ao tripé da sustentabilidade: pessoas, do planeta e do lucro.

Se você ficou interessado em aplicar o conceito de arquitetura biofílica ao seu projeto, acesse o site e entre em contato conosco!

Com a Archscape você tem à disposição um escritório de arquitetura multidisciplinar que projeta espaços construídos em sintonia total com a natureza, desde a elaboração e crítica do projeto, passando pelas soluções conceituais e construtivas até a colaboração e apoio durante a execução da obra!